Ruralista é condenado pela morte de sem-terra

O proprietário rural Marcos Prochet, 54 anos, ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR) foi condenado a 15 anos e 9 meses de prisão pela morte do trabalhador rural Sebastião Camargo Filho, 65 anos. O julgamento terminou na noite de anteontem, em Curitiba. Cabe recurso.  
Camargo foi assassinado com um tiro na nuca, durante desocupação coordenada por ruralistas e seguranças na Fazenda Boa Sorte, em Marilena, perto de Nova Londrina. Foi em 7 de fevereiro de 1998. Segundo a versão apresentada na época, pelos trabalhadores, um grupo de cerca de 30 pessoas entrou na área e determinou a saída dos sem-terra.
Quando todos já estariam dominados, um homem encapuzado sacou a arma e atirou na nuca de Camargo. Outras duas pessoas se feriram. As testemunhas alegam ter reconhecido Prochet pela voz.
O ruralista, por sua vez, argumenta que permaneceu em Londrina, onde residia, desde a noite anterior ao crime. Para a acusação, houve tempo suficiente de deslocamento e participação, conforme entendeu a Justiça.
Esse caso teve grande repercussão, pois a região Noroeste vivia um período de grande tensão no campo por conta das invasões e resposta dos proprietários com grupos armados de segurança.
No episódio da Fazenda Boa Sorte houve duas condenações anteriores à de ontem. No ano passado a justiça sentenciou o proprietário Teissin Tina a 06 anos de prisão por homicídio simples. Ele alegou na época que não sabia da ação violenta e que foi convidado para participar de uma passeata pacífica. No mesmo júri foi condenado a 14 anos de prisão, por homicídio qualificado, o segurança Osnir Sanches.
A Fazenda Boa Sorte é atualmente um assentamento de trabalhadores rurais, reunindo cerca de 40 famílias. Já a família de Camargo reside atualmente em assentamento no município de Ramilândia, região Oeste do Paraná.
A reportagem do DN tentou entrar em contato com Marcos Prochet, mas não obteve êxito. As informações foram publicadas na versão on line da Gazeta do Povo.