“Se o STF acha que tem culpa, tem culpa”, diz FHC sobre mensalão tucano

SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na tarde de ontem que "acredita na isenção do STF" no julgamento do mensalão tucano. Após palestra para empresários em Santo André, na grande São Paulo, o político disse também que "se o STF acha que tem culpa, tem culpa".
O ex-presidente fez ainda alusão às críticas feitas pelo PT ao STF depois do julgamento do mensalão. "Acho que é preciso entender que julgamentos, como o do mensalão, foram feitos objetivamente. Não tem que estar torcendo contra o tribunal e a favor de A, B ou C. Tem que torcer para que ninguém tenha feito nada de errado. Mas se fizeram, têm que pagar”.
O tucano não quis opinar sobre uma possível renúncia do deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro pela Procuradoria da República, pelo desvio de R$ 3,5 milhões de empresas públicas de Minas Gerais. O caso teria acontecido em 1998, quando ele era candidato à reeleição para o governo do Estado. Azeredo sempre negou as acusações.
Questionado sobre o cartel de trens em São Paulo, FHC disse que não viu até agora ligação com políticos do PSDB. "É cartel e corrupção de funcionários", explicou ele, que classificou de "onda" uma possível participação do partido no esquema investigado.
"Sacolejão" – Durante a palestra, na qual debateu o desenvolvimento da região do ABC, o ex-presidente disse que o Brasil precisa de um "sacolejão nacional". "Estamos chegando em um momento em que é preciso dar uma virada no país”.
Segundo ele, "se olhar pra frente, falta gás, falta visão parar entender qual é o rumo [do Brasil]". "Está faltando uma visão de quais os desafios para os anos que virão". Para o ex-presidente, "precisa de gente com voz". "Precisamos com gente de visão de Estado, de gente que crie condições de fazer com que as pessoas acreditem de novo”.
Ele também criticou a atual administração pública. "A máquina pública está rendendo cada vez menos porque o corporativismo toma conta. Nós geramos um monstro que foi esse sistema, que não dá mais para funcionar”.
FHC disse ainda que é preciso mudar o sistema político e disse que o atual número de 30 partidos é um "absurdo". "Não são partidos, são blocos de interesse para pegar um pedaço do Estado", afirmou.
O evento reuniu cerca de 200 empresários e foi realizado pelo "Diário do Grande ABC".