Sem conflitos com a CBF, time feminino estreia contra Camarões

A seleção brasileira que estreia amanhã no torneio de futebol feminino da Olimpíada é praticamente a mesma que ganhou a prata em Pequim.
Mas tudo que cerca o time está completamente diferente. A começar pela relação com a CBF -antes conflituosa, agora é de paz e amor.
O técnico Jorge Barcelos trouxe para o Reino Unido 13 das 18 jogadoras que ficaram em segundo lugar na última edição dos Jogos -`a medalha de ouro ficou com os EUA.
A continuidade faz da seleção brasileira a segunda mais velha do torneio. O time tem média de idade de 28,7 anos. As norte-americanas (29,3) são as mais velhas.
A situação do futebol feminino no país continua difícil. Só há um torneio organizado pela CBF, que dura poucos meses e é disputado por times semiprofissionais, que dependem de ajuda pública.
Na seleção, porém, o tratamento dispensado às mulheres mudou muito, segundo depoimento das próprias.
"Antes era só o treinador e o roupeiro", disse Marta, ao desembarcar em Londres, na semana passada. "Agora tem  uma comissão técnica maior, completa, não falta nada."
O time feminino ganhou o reforço da psicóloga Maria Helena Rodriguez e de uma equipe de fisiologistas, coordenada por Rogério Neves, o mesmo do masculino.
Marta e Cristiane, estrelas do time, atribuem a mudança ao novo presidente da CBF, José Maria Marin, e ao novo supervisor do departamento, Roberto Valdemar.
Mais do que uma comissão  técnica, os que as jogadoras comemoram mesmo é ter um canal aberto com a cúpula da confederação. "A gente sente que tem mais espaço para falar e pedir o que é necessário", acrescentou Marta.
A seleção estreia amanhã contra Camarões, numa chave que tem ainda Nova Zelândia e Grã-Bretanha. "Estamos trabalhando do jeito que queríamos", disse o técnico Jorge Barcelos, que reassumiu o time após o Mundial da Alemanha, no passado, em substituição a Kleiton Lima.
A missão do time nesta Olimpíada é apagar a má imagem deixada nas recentes frustrações, como na eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2011.
"A gente só espera que agora seja diferente, porque fica passando um filme na nossa cabeça daquela medalha de prata [de Pequim]", afirmou Cristiane.