Sem recursos, família busca ajuda de advogado para pedir guarda da criança

Um dia depois da divulgação do resultado do exame de DNA, confirmando que a menina adotada na região de Loanda é Heloísa Barbosa Moreno, a avó iria à tarde de ontem ao Fórum de Paranavaí. O objetivo era conseguir um advogado que gratuitamente ajuizasse a ação de pedido de guarda da criança.
Antes, porém, ela passou na Delegacia e se inteirou dos próximos passos da investigação policial. Cheia de esperança, acredita que a filha Patrícia Barbosa Pereira também será encontrada. A mulher está desaparecida desde janeiro de 2014.
Dona Nice Barbosa dos Santos Pereira falou que não conseguiu dormir por causa da ansiedade. Após receber a notícia no final da tarde de anteontem ela passou boa parte do tempo entrando em contato com os familiares e amigos. A todos repassou a informação do resultado positivo do exame de DNA realizado pela Polícia Científica.
INVESTIGAÇÃO – De acordo com o delegado Luiz Carlos Mânica, na tarde de ontem uma equipe de policiais de Paranavaí estava na região de Querência do Norte. Juntos com investigadores de Loanda, procuravam a mulher que inventou a história de ter engravidado por inseminação artificial e tentou registrar a menina há quase dois anos.
Mânica disse que o depoimento da mulher é fundamental para esclarecer os fatos. As informações preliminares eram que a testemunha teria se mudado para um assentamento. Caso fosse encontrada pelos investigadores, seu depoimento aconteceria ontem mesmo em Loanda.
“Ela não poderá se omitir de dizer a verdade porque pode se complicar. Acho que o mais provável é que haja colaboração. Queremos é que ela explique como a criança chegou até sua guarda. Temos que saber se ela teve contato com a Patrícia e se tem conhecimento do atual local onde ela pode estar vivendo”, comentou o delegado chefe.
PRIMEIRO DEPOIMENTO – A mulher procurada na tarde de ontem pela Polícia Civil já foi ouvida uma vez na Delegacia de Loanda. Ela foi conduzida e teve um inquérito policial concluído pelo crime de falso parto, denunciação caluniosa e falsificação de documento público.
Na ocasião não havia suspeita que a criança pudesse ser Heloísa, a menina que tinha sumido junto com a mãe em Paranavaí. A mulher foi denunciada ao Conselho Tutelar por pessoas que estranharam o fato de não terem presenciado ela grávida.
Em seu depoimento a acusada não foi precisa nas informações. Suas respostas eram desconexas sobre a origem do bebê, que chegou a registrar como filha legítima. O teor da declaração era que a criança foi gerada através de uma inseminação artificial de risco. Por isso, as pessoas não a tinham visto grávida.
O delegado de Loanda, Luciano Purcino, disse que na ocasião a mulher não apresentou nenhuma comprovação da história, evidentemente inventada. Por conta disso, o Poder Judiciário autorizou um exame de DNA que confirmou que a menina não é sua filha biológica.
“Ela não soube explicar como foi o tratamento de fertilização. Não sabia nome de medicamentos, do médico e nem da cidade onde teria acontecido o tratamento para engravidar”, disse o delegado.
ADOÇÃO – Com o resultado negativo a justiça retirou da testemunha a guarda do bebê. A criança entrou para a fila da adoção e posteriormente uma família da região de Loanda conseguiu o direito de ficar com a menina.
Neste momento, já havia a suspeita de que a criança poderia ser Heloísa. Por precaução, o trâmite de adoção ficou suspenso. Atualmente a menina mora com a família qualificada para a adoção, porém não foi totalmente concretizado o processo.
A avó de Heloísa adiantou na tarde de ontem que não pretende cortar o vínculo com a família que tentava adotar sua neta. “Seria desumano de minha parte fazer isso. Só eu sei o que sofri neste tempo que ela estava desaparecida. Pretendo que eles continuem tendo contato com a Heloísa, que também criou vínculo afetivo com eles”, disse dona Nice.
RELEMBRE – Dois anos, três meses e oito dias foi o tempo que Heloísa ficou desaparecida. Quando sumiu com a mãe em janeiro de 2014 a menina tinha 20 dias de vida. Durante este período os policiais civis conseguiram judicialmente quebrar o sigilo telefônico de suspeitos. Realizaram exames com produtos (luminol) que indicam indícios de sangue em locais imperceptíveis aos olhos humanos.
Também foram realizadas diversas diligências em locais indicados por denúncias anônimas. Apesar dos esforços, de nada adiantou as incursões e em todo o período as investigações não evoluíram para uma prova concreta. Com a confirmação da identidade da criança a Polícia passa a ter uma linha investigativa para esclarecer a história e chegar até o local onde possa estar Patrícia e finalmente esclarecer o que aconteceu a partir da tarde do desaparecimento.