Separação de lixo reciclável promove preservação ambiental e inclusão social

Você separa os materiais recicláveis do lixo comum? Não? Deveria. Porque quando faz isso, você não está contribuindo apenas com a preservação ambiental, mas, também, com o aumento da renda salarial de quem trabalha em cooperativas e associações de catadores.
Veja o exemplo da Cooperativa de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí (Coopervaí). Os trabalhadores recebem os resíduos recolhidos das ruas da cidade, processam e vendem. Com isso, têm o salário garantido todos os meses.
Em todo o Brasil, existem aproximadamente 1 milhão de catadores, conforme estimativa de Marilza Lima, representante do Movimento Nacional dos Catadores no Paraná. Ela esteve ontem em Paranavaí e participou do Seminário Regional de Resíduos Sólidos e as Cooperativas de Catadores.
Em pauta, o que pode ser feito para fortalecer e ampliar as políticas voltadas para a coleta seletiva e a formação de cooperativas ou associações de catadores. É que muitos municípios ainda não cumprem a legislação que atribui ao poder público a obrigatoriedade de investir nessa área.
Apesar de haver municípios que fazem investimentos na formação de grupos de trabalhadores, muitos outros não dão a devida atenção para o assunto. “A gente poderia ter chegado lá se tivesse maior vontade política”, disse a representante do Movimento Nacional dos Catadores.
Não bastasse a omissão do poder público, os catadores têm de lidar com o preconceito. Segundo Marilza, são 700 mil mulheres, das quais 350 mil são responsáveis pela renda familiar. Entre os catadores, 80% são negros. “Às vezes ouvimos ‘vai lavar roupa’ ou ‘vai cuidar dos filhos’, como se o que fazemos não fosse um trabalho digno”, lamentou-se.
Mas ela é otimista. “O Movimento surgiu há 13 anos. De lá para cá tivemos muitas conquistas, a começar pelo reconhecimento da profissão. A gente ainda precisa avançar, mas eu acredito num país melhor e mais justo para todos nós”.
OFICINAS – Durante o seminário de ontem, foram realizadas diversas oficinas. De acordo com Débora Fernandes de Paiva, secretária executiva do Fórum Lixo e Cidadania da Região Noroeste do Paraná, que organizou o evento, as discussões tiveram como foco principal as políticas nacionais voltadas para a destinação dos resíduos sólidos.
Nesse contexto, estão inseridas as iniciativas de incentivo à separação de lixo reciclável e a valorização dos catadores. “Muita gente não dá importância, mas eles fazem reciclagem, promovem educação ambiental e prestam serviço para o município”.
Para o procurador do Ministério do Trabalho Fábio Aurélio da Silva, a questão da destinação do lixo não recebe a atenção necessária de muitas administrações municipais do Paraná. “Ou não colocaram em prática ou não fazem a gestão adequadamente”.
Ele é coordenador do Fórum Lixo e Cidadania da Região Noroeste e disse que quando a coleta seletiva funciona de forma efetiva, os aterros sanitários têm vida útil maior, o impacto ambiental é reduzido. “Nosso papel é cobrar e garantir que isso aconteça”.