Servidores invadem Assembleia do Paraná para evitar votação de projeto

CURITIBA – Servidores e professores em greve invadiram ontem o plenário da Assembleia Legislativa do Paraná durante a votação de projeto do governador Beto Richa (PSDB) que corta benefícios ao funcionalismo do Estado. Um grupo chegou a quebrar alguns dos vidros no momento da invasão.
Com a invasão dos manifestantes, a sessão foi suspensa, aos gritos de "vergonha" e "o povo unido jamais será vencido". Os deputados chegaram a se refugiar em uma sala próxima do plenário, que foi totalmente invadido.
Cerca de 10 mil servidores e professores em greve estão, segundo a Polícia Militar, em frente à sede do governo do Paraná em protesto contra as recentes medidas de austeridade do governador. As propostas de austeridade começaram a ser votadas ontem na Assembleia, que fica em frente à sede do governo.
As ruas ao redor do Palácio Iguaçu, em Curitiba, foram fechadas. Os servidores carregam faixas criticando Richa, chamado de "caloteiro", e pedem "o dinheiro do Paraná de volta". Aos gritos, clamam "Fora, Richa".
O tucano, reeleito no ano passado, tem enfrentado uma crise financeira há pelo menos dois anos, que já forçou o Estado a suspender obras, atrasar pagamentos e parcelar salários.
Na segunda-feira, o governo voltou atrás em alguns pontos e disse que vai manter o pagamento de anuênios e os mecanismos de promoções para professores, que seriam alterados com o projeto. Mesmo assim, a insatisfação continua.
"Isso não é uma conquista; é um direito que o governo queria tirar", diz a professora Gilce Sebben, 32, que protestava em frente à Assembleia.
O governo argumenta que as medidas são "duras, mas necessárias", e que precisam ser aprovadas para garantir o pagamento dos salários daqui para frente e o cumprimento das contas do Estado. "O momento é dificílimo. O país atravessa uma crise", afirmou o líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).
A INVASÃO – A invasão ocorreu às 18 horas, pouco depois que os deputados aprovaram a formação de uma comissão geral, que apreciaria o “pacotaço” enviado ao Legislativo pelo governador Beto Richa (PSDB).
Chamada de “tratoraço”, a medida permite que os projetos sejam votados a toque de caixa, sem passar pelas comissões. Os manifestantes prometiam passar a noite no prédio.
Assim que recebeu informação de que a casa estava sendo invadida, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), interrompeu a sessão. Os deputados saíram às pressas e se esconderam em uma sala anexa ao plenário. Posteriormente, cada um foi escoltado por seguranças até seu respectivo gabinete.
Os manifestantes permaneceram no prédio, entoando palavras de ordem, como “fora, Beto Richa”, e chegaram a cantar o Hino Nacional. As galerias e o anexo em que ficam os gabinetes dos deputados também foram invadidos. O ar condicionado e os elevadores foram desativados.
“[A invasão] não era o que a gente queria, mas entramos para travar a votação, porque o ‘pacotaço’ fere direitos de todos os servidores”, disse a professora Angela Martelini.