Sessão para depoimento de Paulo Roberto Costa vira embate político

BRASÍLIA – Com o silêncio do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista, ontem no Senado, transformou-se num embate político entre oposicionistas e aliados do governo.
Parlamentares do PSDB e DEM partiram para o ataque ao governo e disseram que “a corrupção na Petrobras é, na verdade, uma continuação do mensalão”.
O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) disse que a principal estatal brasileira se transformou numa “casa de negócios”,  para financiar partidos políticos. “A Estatal está sendo assaltada. Nosso dever é ir a fundo, investigar todas as denúncias. Os indícios de graves problemas estão aí e não são de hoje”, afirmou.
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), por sua vez, atacou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff. “Ela foi ministra e presidente do Conselho [Administrativo] da Petrobras. Estamos vendo que nesses 12 anos, aqueles que foram nomeados e que se tornaram uma verdadeira quadrilha tiveram o aval da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Nada mais grave que um presidente da República nomear um diretor da Petrobras e depois dizer que não sabia de nada”, afirmou.
DEFESA – O deputado Afonso Florence (PT-BA) rebateu as acusações, dizendo que o PT tem interesse na investigação completa de todas as denúncias. Ele lembrou que no governo de Fernando Henrique Cardoso o procurador-geral da República ficou conhecido como “engavetador-geral”, porque os casos de corrupção não eram investigados e sequer chegavam ao Judiciário.
Ele lembrou outros casos sem punição, como o escândalo da venda de votos para a aprovação da emenda da reeleição e o mensalão do PSDB de Minas Gerais. “Queremos investigar sim, mas não temos interesse na espetacularização da investigação”, disse Florence.
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o PT já mostrou que está interessando em investigar. Segundo ele, o fato de não haver a possibilidade de ouvir Paulo Roberto agora não significa prejuízo à investigação até porque a Polícia Federal e Ministério Público estão investigando.
“Infelizmente o jogo que se faz aqui é o da disputa política. As imagens da TV senado estão sendo usadas em programas eleitorais. Os discursos radicais muitas vezes feitos aqui são para uso político”, reclamou

Paulo Roberto Costa evoca o direito de ficar calado
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa evocou o direito de ficar calado e não responder as perguntas dos parlamentares na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista que investiga denúncias de irregularidades na estatal.
O acusado entrou na sala da comissão às 14h58, acompanhado de uma advogada e disse logo que não falaria. “Boa tarde a todos. Vou me reservar ao direito de ficar calado”, afirmou.
Diante da posição do ex-diretor, o presidente da CPI Mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) ainda perguntou se ele aceitaria uma sessão secreta, o que foi negado.