Setor produtivo está “amarrado” ao banco, diz presidente da Odebrecht
O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, comparou o crédito provido pelo BNDES à correção monetária e afirmou que o setor produtivo está hoje "amarrado" ao banco. Da mesma forma que a correção monetária ajudou a baixar a inflação no início, mas depois tornou a alta de preços mais difícil de ser debelada, o BNDES ajudou a prover capital a empresas em um momento de escassez de recursos. Agora, diz ele, tornou-se um entrave ao investimento privado. "Enquanto tem BNDES com juros subsidiados, para ser competitivo, [o empresário] tem que considerar essa condição de financiamento. Você está amarrado ao BNDES, não consegue ir ao mercado privado", afirmou ele. O presidente da Odebrecht afirmou que o desejável seria reduzir gradualmente o crédito ofertado pelo banco estatal e retirar o subsídio das novas licitações. "O usuário daquele serviço é que deve pagar por ele e não o contribuinte de maneira geral", afirmou ele, que é crítico da estratégia do governo de tentar fixar taxas de retorno nos leilões. O empresário participou de evento organizado pelo banco Credit Suisse a investidores, em São Paulo. DESCONFIANÇA – Odebrecht afirmou que a desconfiança com o Brasil o incomoda e faz parecer que o País é "um dos piores lugares do mundo". Segundo ele, essa desconfiança faz com que se "priorize o não fazer para não errar". "O noticiário no Brasil é só coisa ruim, o Brasil deve ser um dos piores lugares do mundo atualmente", disse. O empresário afirmou que o setor petroquímico sofre uma intensa perda de competitividade em razão da energia mais barata dos EUA, com o gás de xisto. A dimensão da diferença do custo da energia seria de 4 (nos EUA) para 10 (no Brasil). Mas se o setor petroquímico foi considerado por ele uma "dor de cabeça", o etanol foi tratado como "enxaqueca". Odebrecht afirmou que só será rentável investir em etanol quando o governo restabelecer a Cide da gasolina, o que dava competitividade ao combustível da cana, com menor poder de combustão. "Mas isso significa aumentar em até 60% a gasolina", o que a seu ver é considerado inviável atualmente.