SOLIDARIEDADE
Esta semana, durante o feriado prolongado, pude ir a uma das propriedades rurais da minha família. A rodovia de acesso a ela, em precárias condições, exigia cuidado e velocidade compatível para não danificar o veículo que conduzia. Mesmo assim, em uma curva da estrada, tive um pneu cortado. Como não havia um buraco grande no trecho imagino que alguma peça de caminhão solta na pista tenha causado o acidente.
É raro eu trocar pneus e tive alguma dificuldade. Após um tempo descobrindo como fixar e operar o macaco, posicionar o triângulo, movimentar o estepe que pesa em torno de 35/40 quilos e fica mais pesado, pelo cansaço, quando não conseguimos acertar a posição de engate para colocar as porcas, consegui dar cabo da minha tarefa.
Extenuado, estava me preparando para reiniciar a viagem, quando ouvi de uma casa em um sítio próximo uma voz me convidando a lavar minhas mãos. Quando olhei na direção da voz enxerguei um velhinho, aparentando uns 70 anos que insistiu novamente.
Como estava muito suado e com as mãos sujas resolvi aceitar o convite que ele me fazia. Ao chegar na sua casa, rústica e simples, vi uma velhinha com a idade aproximada, sentada em uma cadeira, aparentemente mais limitada pela velhice. Cumprimentei os dois e agradeci a acolhida.
Após lavar o rosto e as mãos ele me convidou a sentar em uma cadeira: "sente e descanse um pouco, quer um café?" Fiquei surpreso com a acolhida, feita de maneira agradável a uma pessoa que ele não conhecia. Comecei questionando se alguém cuidava do casal. Como resposta ele me disse que moravam sós e recebiam uma visita semanal de uma filha que morava próxima. Eram os proprietários do sítio, definido por ele como "herança dos filhos".
Após o café e uma boa conversa me apresentei como prefeito de Paranavaí. Ele ficou surpreso por ter recebido em sua casa uma autoridade sem saber. Agradeci e me coloquei à disposição para servi-lo, se necessário, em algo que necessitasse e estivesse ao meu alcance.
Aquele pequeno homem, sorridente e atencioso, é um exemplo de solidariedade para todos nós. Mesmo na sua simplicidade é dono de uma riqueza incalculável de amor ao próximo.
Seu nome, salvo engano da memória, é Juvenal. Sua atitude, incomum nos dias de hoje, me chamou a atenção. Peço a Deus que o proteja e que ele possa continuar servindo a quem precisar.