Tá doendo?!
Em alguns momentos da nossa vida, quando tudo parece estar indo de vento em popa, navegando em águas tranquilas, de repente surge do nada um "iceberg" no curso do caminho, inesperadamente, causando um choque, dor e perplexidade. Aquilo que a gente não cogitava nem imaginava acontecer, fazendo parecer com que tudo dê errado naquele momento. É quando a alegria dá lugar ao luto, à tristeza, o sol é encoberto pelas nuvens negras da tragédia, da mágoa, do sofrimento, e é aonde nós como seres humanos refletimos nessas horas até que ponto valeu ser uma pessoa legal, de boas ações, quando nos deparamos numa tragédia de dimensões inimagináveis.
Acontece que esses fatos ocorrem na vida de todo mundo, sem exceção! Daí percebemos que a nossa vida é pontuada por vezes pela tristeza, pela dor, seja individualmente ou diante de outras pessoas, de uma sociedade acometida por uma crise, por um terremoto, por um tsunami, e olhamos pessoas inocentes morrendo, sofrendo e nos perguntamos por que as pessoas boas sofrem, por que coisas ruins ocorrem em nossas vidas, ou por que a gente tem que sofrer? Por que a nossa vida não pode ser uma maré tranquila eternamente? Por que Deus ou quem quer que seja "nos castiga" ou por que o destino "brinca" com nossa paz, com o rumo de nossa vida?
Não estou aqui para explicar a natureza das tragédias e dos males porque NÃO há uma explicação, a não ser aquela que você dá! Cada dor e cada acontecimento que a gente escolhe chamar de tragédia, que nos acomete tem em si a possibilidade de pontuar nossa vida e nos chamar de volta para a realidade como ela é. Sem o momento da dor, nós nos perderíamos nos nossos devaneios de "super- homens" e "mulheres maravilha" que constantemente se perdem em seus valores e em suas buscas vazias e por vezes sem sentido. Quando lidamos com as nossas contradições, a nossa natureza fraca e exposta nos chama de volta nossa condição de ser e se sentir humano, e é dela que brota a luz que nos ilumina e nos torna contraditoriamente pessoas melhores.
Portanto, se você estiver lidando com a dor em alguma área de sua vida, não tente pular etapas seja do luto, da dor ou da tristeza. Não negue a dor, mas aprenda a chamá-la de oportunidade, tendo ciência que esse sofrimento que agora não tem explicação, em algum momento de nossa existência poderá ter alguma razão ou sentido no decorrer da vida, e a partir de então esse fato doloroso fez com que tornasse você alguém melhor, mais forte e maduro. Penso que no fim das contas é isso que vale na vida. Não é aquilo que tenho ou não, nem aquilo que eu ganho ou deixo de ganhar, ou não é a dor ou o bem-estar, mas sim no que me transformo como pessoa e essa construção irá crescer todo dia no nosso interior, em nossa mente e coração.
Esse processo dói, e muito! Muitas vezes é difícil e queremos que passe bem rápido! Mas mesmo que passasse rápido e assim será, pois o tempo passa voando, não percamos a chance de chamar a tragédia, a dor de oportunidade, e de aquietarmos nossa alma, e não ficar gritando, reclamando, se autovitimando simplesmente porque em algum momento da nossa vida, mais cedo ou mais tarde, acontecerão fatos na nossa vida que se vincularão a essa experiência triste e dolorida, e que fará com que a gente entenda, cresça e valorize a oportunidade de perder, de se sentir fraco e perdido muitas vezes. É nessa "montanha-russa" da vida que abrimos os olhos, a nossa consciência, nos fazendo crescer e aprender o significado de sermos de fato humanos, de nos tornarmos humanos e o significado de amar.
Talvez esteja doendo agora em sua mente, em sua alma, e eu espero que essa dor passe o mais breve possível. Até lá, que a gente pacifique e acalme nosso coração, entendendo que nada acontece de maneira isolada e ao acaso. No fim das contas, todas as experiências (boas e principalmente as dolorosas) têm como finalidade nos fazer aprender a crescer e evoluir emocionalmente na vida e em vida. Talvez por isso que a bíblia sabiamente no novo testamento diz: se a semente de trigo caindo no chão não morrer, fica só, mas se morrer, aí dará muito fruto.
Colaboração de Marcelo Fernando Rojas Rios