Tarso Genro critica Joaquim Barbosa e “protagonismo excessivo” do STF

PORTO ALEGRE – O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), criticou ontem o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, e disse que há um "protagonismo excessivo" da direção da Corte.
O petista comparou, sem enumerar, a quantidade de entrevistas que o presidente da Suprema Corte americana concede com o número de aparições na mídia dos ministros do STF. Defendeu uma "postura de reserva" no Judiciário e nas polícias.
"Qual é o protagonismo que se outorga aqui aos membros do Supremo, do Superior Tribunal de Justiça e às vezes aos tribunais regionais? Por que outorgar um protagonismo a determinadas pessoas, excluir outras, e estabelecer uma relação de promoção midiática dessas figuras? Há interesses por trás disso."
Tarso fez as afirmações em discurso durante evento sobre corrupção, em Porto Alegre, que contou com as presenças dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União).
No último domingo, em entrevista ao jornal "O Globo", o presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que não será candidato e que haveria "intolerância" contra um negro na Presidência.
A jornalistas, após o evento, Tarso disse que não estava se referindo especificamente a Barbosa. "Aqui no Brasil, os ministros têm um hábito, na minha maneira de ver equivocado, de dar muitas entrevistas sobre temas polêmicos que estão transitando dentro do tribunal."
Também durante seu discurso, o governador gaúcho criticou policiais e promotores que se aproximam de jornalistas. Disse que a "espetacularização" da corrupção contribui para o aumento das irregularidades e que a "cumplicidade" entre fonte e repórter pode tornar o servidor público um "propagandista midiático".
CORRUPÇÃO – Ao falar sobre corrupção, o ministro Cardozo afirmou que o problema costuma ser tratado de maneira "superficial e maniqueísta" e que as causas não são discutidas. Para ele, o crescimento da transparência leva a população a achar que as irregularidades aumentaram.
"Quanto mais caminhamos para mudanças estruturais, mais se aumenta a percepção da corrupção, é inexorável. As pessoas falam: ‘Meu Deus, como o Brasil está se transformando em um país mais corrupto’. Mas não é isso."