Temendo confronto em protestos, CNB pede diálogo a políticos

BRASÍLIA – Temendo confrontos físicos entre partidários da presidente Dilma Rousseff e da oposição nas próximas manifestações, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pede diálogo aos políticos para encontrar uma saída à crise.
Segundo a cúpula do órgão, os políticos têm o dever de fortalecer a governabilidade e é inadimissível que alimentem a crise econômica com enfrentamento político. No entanto, a CNBB reitera que o discurso não é uma defesa à presidente Dilma, que sofre um processo de impeachment.
"Não é tarefa da CNBB se posicionar sobre o impeachment. Somos a favor da democracia e da dignidade. Estamos preocupados, pois, hoje, há quase uma ‘desvontade’ em encontrar caminhos", afirma Dom Leonardo Steiner, secretário geral da conferência.
A presidência da entidade acredita que os ânimos no país estão acirrados e que os políticos temo dever de evitar um possível confronto, ideológico e físico, em prol do diálogo.
"O Congresso e os partidos têm responsabilidades. Caso o país fique ingovernável, será difícil manter a paz social. Às vezes, as pessoas perdem o bom senso e o respeito ao outro. A sociedade deve buscar o melhor dialogando, não se ferindo", diz Dom Murilo Krieger, vice-presidente da entidade.
A CNBB tem tentado evitar comentários sobre as investigações de corrupção tocadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Por outro lado, pede que as apurações continuem.
"É uma posição da Igreja não ter uma posição político partidária. O que esperamos é que sempre se preserve a constituição e a legislação", afirma Dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB.
BISPO DE APARECIDA – Após a "promoção" de Dom Darci Nicioli, ex-bispo-auxiliar de Aparecida (SP) e que agora é arcebispo de Diamantina (MG), a CNBB negou que haja um posicionamento do órgão ou da Igreja que determinem o que deve ser dito em missas e cultos.
No domingo (6), Dom Nicioli fez uma referência ao ex-presidente Lula ao afirmar que "deveria pisar a cabeça da jararaca".
"A CNBB não debate questões particulares como esta. As dioceses possuem autonomia para isso", diz Dom Rocha.