Temperaturas mais baixas não diminuem riscos de epidemia de dengue e zika

Temperaturas mais baixas e chuvas menos frequentes podem gerar a impressão de que os municípios do Noroeste do Paraná estão protegidos de uma grave ameaça à saúde pública: o Aedes aegypti – mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya. Cuidado. O inseto é resistente ao frio e continua circulando pela região.
O alerta foi feito pelo chefe regional da Divisão de Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior, que apontou números sobre zika e dengue nos 28 municípios atendidos pela 14ª Regional de Saúde. Ele afirmou que apesar de os índices de infestação pelo Aedes aegypti estarem baixos, os riscos ainda são altos.
Sordi Junior citou o fato de terem sido registrados casos de dengue ao longo de todo o ano. “Não tivemos epidemia, mas a situação é endêmica”, disse. A informação foi reforçada pela chefe da 14ª Regional de Saúde, Verônica Gardin, que ressaltou que apenas um tipo de vírus – DEN 1 – está circulando pelo Noroeste do Paraná.
De 1º de janeiro deste ano até 5 de maio, tinham sido contabilizadas 2.370 notificações de pacientes com sintomas de dengue. Desse total, 294 casos foram confirmados, 1.818 tiveram resultados negativos e 258 estavam pendentes. O maior número de pessoas com a doença foi registrado em Paranavaí: 115.
De acordo com Sordi Junior, a alta incidência de casos negativos pode revelar uma situação preocupante: se não são pacientes com dengue, podem ter contraído zika. Os sintomas são semelhantes, mas se os exames não forem realizados no período correto, é praticamente impossível identificar a segunda doença.
Por isso, é fundamental que as pessoas procurem ajuda médica o mais rapidamente possível, assim que perceberem sintomas característicos de dengue e zika, por exemplo, febre alta, dores de cabeça e no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia.
No mesmo período destacado pela 14ª Regional de Saúde em relação à dengue, 1º de janeiro a 5 de maio, foram feitas 254 notificações de casos suspeitos de zika. Nove foram confirmados: um em Marilena, um em Itaúna do Sul e cinco em Paranavaí (esses autóctones), um em Planaltina do Paraná e outro em Terra Rica (esses importados).
PREVENÇÃO – O chefe regional da Divisão de Vigilância em Saúde disse que este é o momento ideal para adotar medidas preventivas contra uma nova epidemia de dengue ou uma possível epidemia de zika nos municípios do Noroeste do Paraná.
Com períodos maiores de seca, o ciclo de reprodução do Aedes aegypti demora para ser concluído. Assim, fazer a limpeza de quintais, terrenos vazios e fundos de lojas pode resultar na eliminação dos ovos, impedindo o nascimento dos mosquitos.
Uma sugestão feita por Sordi Junior é que as pessoas retirem todos os objetos que possam acumular água parada e possibilitem a reprodução do Aedes aegypti e “deixem disponíveis para que os servidores das prefeituras possam recolher. É o período ideal para isso”.
Ao mesmo tempo em que os cidadãos precisam se engajar na prevenção, o poder público também está assumindo responsabilidades. No dia 12 de maio, os gestores municipais receberam, do Ministério da Saúde, uma carta de compromisso para a continuidade das ações de combate ao Aedes aegypti. O documento adverte que a suspensão nas ações de erradicação pode ampliar o número de mosquitos circulando.