Terminam ocupações em escolas da região

“O Governo Federal precisa escutar os estudantes. Precisa fazer uma consulta pública”. A avaliação foi feita pela professora Luci Maria Dias Onório, diretora do Colégio Estadual Silvio Vidal, de Paranavaí, que foi ocupado pelos alunos no dia 17 de outubro.
Na manhã de ontem, os secundaristas entregaram as chaves da escola para a diretora, mesma decisão tomada pelos alunos que ocupavam outros prédios públicos em cidades do Noroeste do Paraná. Na área de abrangência do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Paranavaí, foram 12 colégios.
Inicialmente, o protesto foi motivado pela Medida Provisória (MP) 746, que estabelece uma série de mudanças para o Ensino Médio. Uma delas desobriga as escolas a terem aulas de Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia.
Depois, os estudantes passaram a se manifestar, também, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que foi aprovada pela Câmara dos Deputados e seguiu para votação no Senado Federal. Agora, o texto passou a ser chamado de PEC 55. O objetivo é limitar os gastos do Governo Federal pelos próximos 20 anos em áreas como saúde, educação e assistência social.
ADVOGADOS – Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção de Paranavaí, acompanharam as desocupações na manhã de ontem. A intenção foi garantir que não haveria qualquer dificuldade na entrega das chaves e manter tudo dentro da legalidade.
O presidente Anderson Donizete dos Santos informou que na segunda-feira havia conversado com os alunos, para explicar a importância de cumprirem a ordem judicial de reintegração de posse das escolas, para evitarem problemas.
VISTORIAS – Após a saída dos estudantes, caberá às equipes pedagógicas fazer vistorias nas escolas, para avaliar como os prédios foram deixados pelos secundaristas. A intenção é identificar possíveis danos ao patrimônio e irregularidades cometidas por eles.
OCUPAÇÕES – No Noroeste do Paraná, o Colégio Estadual Bento Munhoz da Rocha Neto (Unidade Polo), de Paranavaí, foi o primeiro ocupado pelos alunos, no dia 11 de outubro. A partir de então, o protesto do movimento estudantil se espalhou e chegou a escolas de diferentes cidades da região.
Durante o período em que estiveram dentro dos prédios públicos, os adolescentes desenvolveram diferentes atividades, culturais e esportivas. Para os secundaristas do Colégio Estadual Silvio Vidal, foi possível aprender “muito mais sobre política e democracia nessas duas semanas do que durante as aulas normais”.
Os estudantes também disseram que o período de ocupação foi importante para praticarem o trabalho em equipe e a divisão de tarefas. “Foi uma experiência diferente. Esse tempo foi bastante proveitoso”, avaliaram.
Na opinião de Luci Maria Dias Onório, a ocupação garantiu aprendizado aos estudantes. Além da motivação para que sejam cada vez mais participativos nas atividades escolares, aprenderam a valorizar o patrimônio público.
REPOSIÇÕES – O chefe do NRE de Paranavaí, Pedro Baraldi, explicou que os dias sem aula por causa das ocupações deverão ser repostos. Segundo ele, cada escola tem autonomia para fazer a própria programação, mas a decisão ficará sujeita a avaliações da equipe do NRE.
Uma preocupação apontada por Baraldi é em relação ao transporte dos estudantes, nos casos em que a comunidade escolar opte por fazer reposições aos sábados. Seria preciso contatar as secretarias municipais de Educação, para que disponibilizassem ônibus para levar os alunos.
ENEM – Em Paranavaí, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro, serão realizadas em seis estabelecimentos de ensino. São três escolas estaduais: Unidade Polo, Leonel Franca e Enira Moraes Ribeiro. Os outros pontos são Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Universidade Paranaense (Unipar) e Faculdade Fatecie.
Uma decisão do Ministério da Educação (MEC) previa o adiamento das provas nas escolas que permanecessem ocupadas a partir de 31 de outubro. Dos seis locais escolhidos em Paranavaí, apenas a Unidade Polo foi alvo de ocupação, mas os secundaristas deixaram o prédio antes do final do prazo, portanto, as provas serão aplicadas normalmente.