Tomate, trigo e carne elevam inflação

O IPCA, índice oficial de inflação, subiu 0,57% em outubro, contra 0,35% de setembro. Analistas estimam um índice no mesmo patamar em novembro, ainda sob efeito do aumento dos alimentos, que sobem na esteira de custos maiores de produtos importados ou cotados em dólar, como o trigo e as rações animais. Tal pressão se traduziu, nos supermercados e similares, em altas de importantes itens de consumo diário, como macarrão, pão, frango e carne.
Apesar de ter ganho fôlego, o IPCA acumulado em 12 meses se estabilizou nos dois últimos. Em outubro, o índice ficou em 5,84%. Em junho, o acumulado havia ultrapassado o teto, com 6,70%.
Segundo analistas, a menor pressão, entretanto, não é um sinal de alento nem sinaliza um afrouxamento da política de alta dos juros.
Para evitar que a inflação encoste no teto da meta de 2013 (6,5%) e para abrir espaço para o reajuste da gasolina (pleiteado pela Petrobras, que sofre problemas de caixa), o governo deve elevar novamente a taxa básica de juros – hoje, em 9,5%.
Economistas apostam que ela feche o ano em 10%. Se concretizada a previsão, será o mais alto patamar desde janeiro de 2012.
"O Banco Central vai ter de continuar aumentado os juros. O BC trabalha, e não é de hoje, com compromisso que não é mais o centro da meta [de inflação, de 4,5% neste ano], mas aceita uma inflação mais alta. Isso requer novas altas [dos juros]", diz o economista Gabriel Leal de Barros, da FGV.
Barros diz que o governo joga somente suas fichas nos juros para segurar a inflação, sem lançar mão de outro importante instrumento: o controle dos seus próprios gastos, especialmente num ano em que a arrecadação foi frustrante diante de um crescimento econômico aquém do previsto.
Ao consumir mais, o governo realimenta a economia e estimula reajustes de preço.
Sem ajustar as despesas ao menor ritmo da receita obtida com impostos e outras fontes, o governo ampliou neste ano desonerações tributária para estimular a economia – sem o efeito esperado, segundo analistas.
Para Fernando Parmagnani, da Rosenberg e Associados, o governo terá menor margem para segurar a inflação em 2014 sem as desonerações (como a de eletrodomésticos, que já subiram em outubro) e a redução da tarifa de energia.
O espaço será ainda mais limitado se postergar o reajuste da gasolina. "A equipe econômica perdeu o melhor momento", disse, em referência à alta do álcool em outubro e à estabilidade da gasolina. Ambos estavam em queda em setembro.