Trabalhos da Santa Casa são apresentados em Congresso Brasileiro de Transplantes
A Comissão Intra-Hospitalar de Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa de Paranavaí inscreveu três trabalhos para o XVI Congresso Brasileiro de Transplantes de Órgão e todos foram selecionados para apresentação no evento – um deles, o que versa sobre as percepções dos profissionais sobre suas práticas, foi apresentado oralmente para toda a plateia do evento. E entre os dois que foram apresentados em forma de poster, após passar pelo crivo de um avaliador, foi considerado “Trabalho Destaque”. Foram mais de 900 participações.
O Congresso foi uma realização da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), aconteceu em Campinas (SP) entre os dias 16 e 19 de setembro e foi dirigido a profissionais que atuam na área. Da Santa Casa esteve presente a coordenadora do CIHDOTT, a enfermeira Márcia Ângelo dos Santos. Autoridades nacionais e internacionais sobre transplantes proferiram palestra no evento.
Segundo Márcia dos Santos, um outro trabalho, inscrito pela Organização de Procura de Órgãos (OPO-Maringá), via Universidade Estadual de Maringá (UEM), também selecionado, conta com a participação de profissionais da Santa Casa. No caso, ela e a assistente social Andreza Mara Campos de Melo, que participam do Grupo Formador em Comunicação de Más Notícias e Entrevista Familiar da OPO-Maringá. E este trabalho inscrito e apresentado, que trata da ação da Organização de Procura de Órgãos (OPO), que é responsável, entre outras atividades, pela educação permanente da estrutura de transplantes.
As profissionais da Santa Casa local participam deste grupo e ajudam profissionais que estão entrando agora na atividade e de hospitais cuja taxa de aceite de doação de órgão não é tão expressiva como de Paranavaí, para dar a capacitação e mostrar o trabalho realizado no hospital local.
TRABALHOS DA SANTA CASA – O trabalho científico apresentado pela enfermeira Márcia dos Santos no Congresso é o resultado de um estudo entre os profissionais que atuam na CIHDOTT para analisar suas percepções sobre suas atividades. Foram realizadas dez entrevistas com profissionais, convidados a discorrer sobre seu trabalho na Comissão. Os dados coletados foram submetidos a análise de conteúdo temática.
Segundo ela, a análise apontou três categorias. A primeira relacionada às atividades frequentes da CIHDOTT, tanto aquelas voltadas a entrevistas familiares de fato, para doação, quanto a participação em treinamentos internos e externos ao hospital, para qualificar o trabalho dos profissionais e também divulgar o tema na comunidade com frequência. “Mesmo quando não há atividade de abordagem e captação, os profissionais estão presentes em treinamentos para manter atualizado os protocolos e rotinas instituídas e o respeito a legislação e atuar na educação permanente tanto dirigido a profissionais, como à população, que ainda não tem domínio do assunto e acredita em mitos. Temos que levar conhecimento à população para conscientiza-la”, explica a coordenadora.
A segunda categoria refere-se aos desafios do trabalho em uma CIHDOTT. “Num país como o Brasil, onde temos toda sorte de dificuldades na saúde, o setor de transplantes também tem que enfrentá-los. Os transplantes só caminham em frente pelo esforço dos profissionais, que realizam um trabalho grandioso para superar os desafios”, diz Santos.
E a terceira categoria foi dos “Fatores Motivacionais do Trabalho na CIHDOTT”. Nesta fase do estudo evidenciou-se o trabalho em equipe e a humanização da atividade, tanto dos profissionais como da família doadora”.
Importante salientar que sempre que ocorre um transplante em média uma equipe de 100 pessoas é envolvida, desde os profissionais que atuam na Central de Transplantes, na abordagem da família, captação e transporte dos órgãos (que na maioria das vezes envolve deslocamento aéreo e terrestre, eventualmente usando batedores da Polícia Militar para abrir caminho no trânsito), e o procedimento de transplante no receptor.
O trabalho sobre a percepção dos trabalhadores na Comissão foi realizado pela coordenadora Márcia e ainda pelos seguintes profissionais: Aline Barbieri, Andreza de Melo, Tainara Oliveira Farias Batista e Verusca Soares de Souza e contou com o apoio de professores e acadêmicos do Curso de Enfermagem da Unespar – Campus de Paranavaí.
DESTAQUE – O trabalho que recebeu destaque entre os apresentados em forma de poster foi “Instrumento de Acolhimento Familiar: Uma aposta de sucesso”. Este foi um projeto implantado pela CIHDOTT da Santa Casa com sucesso e aproximou a equipe da realidade familiar de pacientes críticos internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. O resultado é que a taxa de recursa familiar caiu de 26% para 10%.
E o terceiro trabalho da Santa Casa, foi uma análise de sobrevida de pacientes transplantados em diferentes tipos de órgãos. Este trabalho analisou 1.464 pacientes transplantados (coração, fígado, córnea, pâncreas e rins) entre 2015 e 2017. O estudo revela que o órgão que teve maior percentagem de óbitos em menor espaço de tempo foi o coração. “Com isso, políticas públicas precisam ser reformuladas para prevenir o aparecimento de doenças cardíacas e consequentemente diminuir o índice de transplante deste órgão”, diz o trabalho apresentado.