Traficante colombiano preso em RR era procurado por mais de 250 mortes

BRASÍLIA – O colombiano Marcos Jesús Figueroa García, 47, começou roubando carros, tal qual seu conterrâneo Pablo Escobar – um dos mais poderosos chefes do narcotráfico que a América Latina já viu atuar nos anos 80 e início dos anos 90.
Em 25 anos, "Marquitos Figueroa", como ficou conhecido entre criminosos e policiais, envolveu-se com contrabando e narcotráfico.
Tornou-se um dos maiores traficantes da Colômbia, atuando principalmente no norte daquele país. Ele é acusado de liderar um grupo suspeito de ter no currículo cerca de 250 assassinatos, manter relação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e com o grupo criminoso mexicano Los Zetas.
Procurado na Colômbia, que oferecia recompensa de aproximadamente US$ 250 mil (R$ 620 mil) para quem ajudasse a encontrá-lo, Figueroa buscou refúgio no Brasil.
Há aproximadamente seis meses instalou-se numa casa em Boa Vista, capital de Roraima, onde passava a maior parte do tempo escondido e foi preso quarta-feira numa ação conjunta da Polícia Federal e da polícia colombiana.
Dois policiais colombianos infiltrados no grupo de Figueroa conseguiram informação de que ele buscara refúgio em território brasileiro, bem perto da fronteira com a Venezuela e a Colômbia – área onde ele atuava. Estava escondido numa confortável casa em Boa Vista, mas suspeita-se de que estava disposto a se instalar em definitivo e em busca de alianças e contatos para traficar também no Brasil.
Acionada pelos colombianos, a Polícia Federal brasileira demorou dois meses para localizar e confirmar que o recém-chegado a Boa Vista era um dos homens mais procurados na Colômbia.
Ele praticamente não usava telefone nem internet. Vivia de mandar recados pelos seus homens, o que dificultou a identificação pela PF. "Era um fantasma. Não sabíamos nem qual era a voz dele", afirma o delegado Olsain Campos Santana, chefe da divisão de combate ao crime organizado da PF.
Considerado chefe de um grupo violento, a PF mobilizou cerca de 15 homens para prendê-lo na quarta-feira. Não encontraram drogas nem armas. Figueroa estava acompanhado de um sobrinho, que não foi preso.
Por ora, não foi identificado nenhum contato de Figueroa com narcotraficantes brasileiros. Segundo a PF, somente 10% da cocaína colombiana entra no Brasil. A principal rota usada pelos colombianos passa pelo Caribe, em especial o México.
Mas a PF instaurou investigação para apurar se Figueroa estava lavando dinheiro em território nacional. Com ele foram apreendidos três carros de luxo e muitos extratos bancários.