Tratar reformulação de carreira junto com previdência dos militares foi um equívoco, diz Rubens Bueno

BRASÍLIA – O deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), que é membro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, afirmou que a inclusão da reformulação das carreiras dos militares junto com a proposta de reforma da Previdência para a categoria representa um equívoco que deve dificultar a tramitação do tema no Congresso. 
Na avaliação dele, “a questão da carreira poderia vir em outro momento, em uma discussão separada e não junto com a reforma da previdência”.
Para Rubens Bueno, a abertura de tratamento diferenciado dentro da Reforma da Previdência vai aumentar ainda mais a pressão de categorias sobre os parlamentares e pode desfigurar o texto apresentado pelo governo. “O lobby de determinadas categorias, como o Judiciário, já toma conta dos corredores do Congresso Nacional e tende a crescer”.
O deputado disse ainda que a falta de um diálogo mais estreito do governo com o Congresso acaba criando dificuldades para a tramitação da matéria. 
“Ou a reforma é para todo mundo ou não é para ninguém. Se ficarmos estabelecendo uma série de regimes especiais, não chegaremos ao resultado pretendido. No caso dos militares, por exemplo, a mudança proposta, com a criação e ampliação de gratificações incorporadas aos soldos, representará uma economia pequena, de cerca de R$ 10 bilhões em 10 anos. Entendemos que é uma categoria especial, mas a questão de reformulação da carreira deveria ser tratada de forma separada e não junto com a reforma da Previdência”, reforçou o deputado.
Rubens Bueno considera ainda que o fato de o presidente Jair Bolsonaro ser militar e ter em postos chaves de seu governo um grande número de integrantes das Forças Armadas também acaba se tornando um complicador. 
“Fica a impressão de que o presidente, eleito com o discurso de combate aos privilégios, está dando tratamento especial na Reforma da Previdência justamente para a sua categoria. Na outra ponta, a reforma geral estabelece o pagamento de metade de um salário mínimo para os brasileiros mais carentes que recebem o Benefício de Prestação Continuada. Isso certamente vai provocar fortes reações na sociedade e no Congresso”, avalia.
O deputado destaca ainda que é defensor da reforma, mas uma reforma que tenha como principal foco o combate aos privilégios e que não acabe criando outros por meio do estabelecimento de categorias especiais.
D-TRATAR