Tropas de Assad enfrentam rebeldes na maior cidade do país

Tanques apoiados por helicópteros de ataque do regime de Bashar Assad forçavam a entrada anteontem em bastiões rebeldes de Aleppo, no início da ofensiva que pretende retomar o controle total da cidade, a mais populosa da Síria e estratégica no conflito.
Segundo os rebeldes, os embates na cidade foram os mais pesados desde o início da revolta, há 16 meses.
Batizada de "mãe de todas as batalhas" por um integrante do governo sírio, o confronto é observado com apreensão dentro e fora do país.
A ONU, países europeus, EUA e até a Rússia, aliada de Damasco, manifestaram preocupação com o confronto, temendo a magnitude da destruição na metrópole de 2,5 milhão de habitantes, principal centro comercial e financeiro do país.
Moscou disse que uma "tragédia" era iminente e Washington teme novo massacre no país.
O presidente da França, François Hollande, pediu intervenção imediata do Conselho de Segurança da ONU.
As forças mobilizadas pelo governo para a ação, posicionadas há dias nos arredores da cidade, tentavam entrar no bairro de Salahedin, no sul, onde estão a maioria dos rebeldes. Os insurgentes também reportavam confrontos em Sakhour, no norte.
"Podemos dizer que a ofensiva começou", declarou Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
De acordo com o OSDH, ao menos 22 pessoas morreram nos embates de anteontem. O total de vítimas da semana alcança 162, sem contar baixas no lado governista.  
O governo tem sido acusado de barrar envio de provisões e comida para Aleppo. O fornecimento de energia é intermitente, falta água e cerca de 500 mil pessoas já fugiram da cidade.
ESTRATÉGIA – Segundo analistas, a batalha é extremamente importante para as duas partes. De um lado, o regime espera que seus aliados, os ricos comerciantes de Aleppo, financiem parte do esforço bélico.
Já os rebeldes aspiram criar uma zona de proteção, como os insurgentes líbios fizeram em Benghazi, leste do país, de onde avançaram para derrubar e matar o ditador Muammar Gaddafi, em 2011.
A ofensiva em Aleppo teve início mais de uma semana depois que o Exército sírio recuperou o centro de Damasco, onde também foram registrados violentos combates nos bairros hostis a Assad.
A revolta contra o ditador Assad já matou mais de 20 mil pessoas, diz o OSDH.