Trotes telefônicos prejudicam atendimento no Corpo de Bombeiros e no Samu

Imagine que você precisa entrar em contato com o Corpo de Bombeiros, mas a linha telefônica está sempre ocupada. Ou pense na mesma situação em relação ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A dificuldade em fazer o pedido de socorro pode ser provocada pelos trotes telefônicos.
O sargento Fábio Urbano, do Corpo de Bombeiros de Paranavaí, disse que piadas, xingamentos e falsas informações são comuns entre as ligações recebidas todos os dias pela equipe de atendimento à população. “Os trotes sobrecarregam o telefonista e comprometem nosso trabalho”, disse.
Para dar uma ideia da seriedade dessas brincadeiras de mau gosto, Urbano citou um levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros recentemente. Das 400 ligações recebidas em um único dia, mais de 300 foram trotes.
Mas o problema pode ser ainda mais grave. Em alguns casos, a equipe se desloca até o endereço indicado pelo interlocutor, e quando os bombeiros chegam ao local, não há qualquer tipo de ocorrência. “Quando isso acontece, a cidade fica desguarnecida e deixamos de atender outras pessoas”, informou Urbano.
A mobilização do efetivo também representa prejuízos para os cofres públicos. De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros, cada saída para atendimento à população provoca o desgaste da viatura, o consumo de combustível e a mobilização do efetivo. E tudo desnecessariamente.
SAMU – Na central de atendimento do Samu, em Umuarama, não é diferente. Entre os dias 22 de novembro e 18 de dezembro, foram feitos 3.064 atendimentos telefônicos. Mais de 1.100 foram trotes, ou seja, quase 40% do total. Outros 85 pedidos de socorro foram cancelados pelos interlocutores.
O coordenador de frotas do Samu, Paulo Cesar Lemes, lamentou o fato de haver pessoas que passam trotes. “Elas travam nossa central e prejudicam o atendimento de ligações que são, de fato, de urgência e emergência”.
CRIME – De acordo com o sargento Urbano, os trotes configuram crime. Em situação normal, podem render pena de um a seis meses de detenção e multa, cujo valor é estipulado pela Justiça. Por ocasião de calamidade pública, como nos casos do Corpo de Bombeiros e do Samu, a pessoa que passa trote pode ficar de um a três anos na prisão e pagar multa. Vale destacar que todas as ligações são identificadas e gravadas.