Tudo termina no domingo

Ayrton Baptista*

Não basta o Tribunal Superior Eleitoral ter dado um puxão de orelhas nos candidatos presidenciais para que privilegiem o debate com propostas e deixem a baixaria de lado. Ela não combina com o cargo cobiçado. Pode até, uma vez ou outra, fazer parte da personalidade de cada um, mas quem se propõe a governar o país e mormente quem já o governa, tem que ter o respeito para com o adversário (não é inimigo), com os leitores e até ou principalmente com o próprio candidato(a).
Por isso não se acredita que as determinações do Tribunal serão cumpridas, observadas, em sua integra. Se não surgir uma pesquisa correta, séria, informando que um ou outro disparou, a campanha está acirrada por entender – se que há um empate técnico. E se em política vale tudo, os presidenciáveis poderão não responder à altura o veto à baixaria ditado pelo TSE. E a baixaria continuar até o final desta semana, inclusive no debate da próxima sexta-feira na Rede Globo.
De tudo (há quem goste de um xingamentozinho na telinha) o que se lamenta é que, o eleitor, impressionado mas conversando sobre os golpes baixos, os desvios dos assuntos e termas mais brasileiros, não lembrem das proposições mostradas por Dilma e por Aécio. Na verdade, até quem por dever de ofício presta mais atenção às coisas da política (debate e horário do Tribunal) já não lembra do que propõe a presidenta, nem o que se propõe a fazer o candidato tucano.
Mais uns poucos dias e tudo termina. Não se diga, simplesmente, que vença o melhor. Isso nem sempre acontece. E quem, na verdade, se apresenta para julgar dos dois qual o que tem mais condições de dirigir o país. Quem foi melhor até agora: Fernando Collor, Sarney, Lula, Fernando Henrique, Dilma? Nós, eleitores brasileiros procuramos só quem tem propostas viáveis? Ou nos deixamos arrastar para o lado de quem tem um aspecto mais jovem, quem se trata melhor para distribuir seu charme, o professor ou quem teria superado o mestre?
Não vamos, claro, ter opinião unânime. Até para não deixar falando sozinho o mestre Nelson Rodrigues de que “a unanimidade é burra”. Vamos, isto sim, é nos consolar com a vitória de um ou de outro(a). E torcer para que, guardadas as proporções e as necessidades atuais, não o comparemos com Juscelino, Vargas, e outros que ainda admiramos e que temos ciência dos bons governos que os dois e poucos outros realizaram.
Que Dilma e Aécio, então, lutem, apresentem propostas para que o eleitor não se decepcione de todo. Afinal, ainda é tempo de se acreditar nos políticos brasileiros. Eles não são piores que os seus colegas de outras plagas. Nem melhores, evidente. Basta que façam o mínimo do que o Brasil precisa. Que voltemos a crescer, que a inflação não retorne aos 80%. (Ao mês). E que o nosso país recupere o respeito internacional de forma a que possamos bater no peito e cantar o hino nacional, ainda que em silêncio. Não só na Copa do Mundo ou outro acontecimento esportivo que nos emociona. O Brasil é que nos emociona. Dilma e Aécio poderiam colaborar, agora e por quem se salvar.