Um em cada quatro menores de idade bebe álcool no Brasil

SÃO PAULO (Folhapress) – Apesar de a venda e o consumo de álcool serem proibidos para menores de idade, um em cada três adolescentes entre 14 e 18 anos afirma consumir bebidas alcoólicas no Brasil.
Desses, 43% relatam beber em forma de "binge", isto é, consumindo grandes doses em um curto espaço de tempo.
É o que mostra um novo recorte do segundo levantamento nacional de álcool da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que entrevistou 4.607 pessoas em 149 municípios em 2012. Desse total, 1.157 eram adolescentes.
De acordo com a pesquisa, o consumo "binge", nocivo ao organismo, ocorre entre 39% as meninas e 46% dos meninos. Para elas, é considerada excessiva a ingestão de quatro doses de álcool em duas horas; para eles, são cinco doses.
"É um efeito colateral de algo positivo. À medida que as garotas ganham mais independência, elas também bebem mais. A diferença é que seu corpo absorve essas substâncias com maior dificuldade [do que o organismo masculino]", diz a pesquisadora da Unifesp Ilana Pinsky.
Considerando toda a população, o levantamento também indica que as mulheres estão bebendo mais e com mais frequência.
De 2006 a 2012, a proporção das que consomem álcool de maneira excessiva aumentou 24%, passando de 15% para 18,5% das brasileiras. Entre os homens, o aumento foi de 31% nessa forma de consumo.

MAIS DO QUE MACONHA
Droga ilícita mais consumida no país, a maconha perde lugar para a cocaína em meio a um grupo específico no Brasil: mulheres, jovens, entre 14 e 25 anos.
Cerca de 2% das garotas nessa faixa etária relataram ter usado cocaína no último ano, e apenas 1,4%, maconha. Entre os homens, as proporções são de 5% e 8,3%, respectivamente.

EVITAR A LARICA
De acordo com o estudo, a preferência pela cocaína entre as mulheres é um fenômeno raramente observado em outros países, onde a maconha costuma ser a droga mais difundida, independentemente de gênero.
Para a psicóloga e doutora em psiquiatria Ilana Pinksy, o índice é surpreendente e reflete a facilidade de se obter cocaína no Brasil, que faz fronteira com grandes produtores da droga, como Paraguai e Colômbia.
"Outra possibilidade é que as mulheres estejam evitando a maconha porque ela aumenta a fome, com a famosa larica, e faz engordar. Daí acabem se iniciando com a cocaína", afirma Pinksy.