Um morto e um ferido. Saldo de provável acerto de contas na madrugada de ontem
O saldo da selvageria teve ainda ferimentos graves em um segundo jovem, Alessandro de Souza Gouveia, também 22 anos, primo da vítima fatal. Ele foi atingido por dois tiros. A Polícia trabalhava ontem para identificar e prender os autores do crime, bem como esclarecer as motivações.
Até por estar em tratamento por conta dos ferimentos, o jovem baleado pouco acrescentou no primeiro contato com a Polícia. Disse não saber quem são os autores da agressão.
Ele permanecia internado na Santa Casa de Paranavaí. Segundo informações do hospital, o jovem estava consciente e em observação. Possui sinais de entrada e saída de bala no abdômen, além de ferimento numa das pernas.
O que foi possível verificar junto à comunidade do Jardim Morumbi é que os jovens saíram para uma volta de motocicleta, pouco depois de uma hora da madrugada. No momento do crime, um rapaz já identificado e que será ouvido neste início de semana, estava na posição de piloto da moto e João Marcos viajava na garupa.
Ainda de acordo com essa versão, os primos e um amigo estavam transitando, quando foram interceptados por uma dupla de motoqueiros em sentido contrário. Na esquina da Avenida Domingos Sanches com a Rua Nove, houve a abordagem.
Os jovens teriam pensado tratar-se de assalto, impressão desfeita rapidamente, pois, no momento seguinte, os executores teriam dado indícios de que se tratava de um acerto de contas. Um deles teria dito: “Eu quero o João Marcos”.
TIRO FATAL – Ato seguinte o garupa da moto teria sacado a arma e atirado na boca da vítima, que morreu antes de receber socorro. O rapaz teria apelado pela sobrevivência, pedindo ao executor “pelo amor de Deus”, súplica em vão, seguida do disparo e vítima ao chão.
Ainda de acordo com versões não oficiais, neste momento o condutor da moto em que João Marcos viajava teria arrancado e conseguido ir embora. Ele já está identificado e deve ser ouvido, antecipou ontem o superintendente da 8ª SDP, André Eberle.
Alessandro, que viajava em outra moto, tentou ir embora, abandonando o veículo. Mas, foi alvejado, caindo em seguida. Foi socorrido por terceiros. Os suspeitos fugiram sem deixar pistas. Mas, conforme apurado pela reportagem, seriam conhecidos do grupo de jovens e descritos como “o povo do mal” por um morador.
Ainda de acordo com tais informantes, a vítima fatal morava com a mãe no Jardim Morumbi e tinha duas irmãs. Sobre profissão, sabe-se que teria trabalhado na construção civil. O primo baleado e que está na Santa Casa reside no Jardim Ipê.
Delegado responsável pelas investigações, Carlos Henrique Rossato Gomes prefere a cautela para apontar causas. Não descarta que seja o desfecho de uma disputa. O crime admite, pode ter sido cometido por pessoas envolvidas com o tráfico de drogas em pequena escala.
SÉRIE DE ASSASSINATOS NO ANO
O crime segue um padrão de recentes homicídios ocorridos na cidade e, particularmente, no Jardim Morumbi. No dia 1º deste mês, Agnaldo Cristiano da Silva Martins, de 21 anos, foi encontrado morto com tiros na cabeça e no peito. Estava no quarto onde morava. Foi o 14º homicídio registrado este ano em Paranavaí. Com o de ontem, número sobe para 15 assassinatos.
O histórico de mortes violentas está assim: Em janeiro dois homens foram mortos. Em fevereiro um jovem de 21 anos foi assassinado. No mês de março um rapaz de 18 anos também morreu. Em maio foram cinco registros de homicídios. Em junho houve duas mortes e em julho um assassinato.
Em setembro uma mulher foi morta. Gisele Cristie Faria, 28 anos, foi encontrada com dois tiros na cabeça. A vítima seria usuária de drogas e a principal linha de investigação é que o crime teria sido motivado por dívidas.