Uma Igreja em missão…

Os documentos da Igreja nos orientam sobre a origem e a missão da Igreja. Após cinquenta anos do Concilium Vaticano Segundo, onde a Igreja se definiu: “Como Povo de Deus em marcha, leu os Sinais dos tempos” vendo os desafios de sua missão num mundo em mudança. Ela quis acolher as dores, sofrimentos, angústias do povo de Deus, tornando-se “UM SINAL DE LUZ, ESPERANÇA E DE ALEGRIA” para os povos. Uso aqui a Lumen Gentium do Concílio Vaticano Segundo, Diretrizes Gerais da ação evangelizadora da Igreja do Brasil 2015-2019 e a Evangelii Gaudium – A Alegria do Evangelho, como pistas de reflexão para o mês missionário.
Sendo Cristo a Luz dos Povos, este Sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15) e iluminar todos os homens com a caridade de Cristo que resplandece na face da Igreja. E porque a Igreja é em Cristo como que o Sacramento ou sinal e instrumento de íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, ela deseja oferecer a seus fiéis e a todo o mundo um ensinamento mais preciso sobre sua natureza e sua missão universal; insistindo no tema dos Concílios anteriores. As presentes condições do mundo tornam mais urgente este dever da Igreja, a fim de que os homens, hoje mais intimamente unidos por vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também total unidade em Cristo. (Lumen Gentium – Proêmio – nº1)
Como o Filho foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os apóstolos (Jo 20,21), dizendo “Ide, pois, e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto eu vos mandei. E eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,18-20). Este solene mandamento de Cristo de anunciar a verdade salvadora, a Igreja recebeu dos Apóstolos com ordem de cumpri-lo até os confins da terra. (At 1,8). (L.G. nº 17)
A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Quem encontrou a alegria deste encontro, sai de si e vai ao encontro do outro, isto é missão. A alegria do Evangelho que enche a vida da comunidade dos discípulos é missionária. Experimentam-na os 72 discípulos que voltam da missão cheios de alegria. (Lc 10,17). A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.
A Igreja “EM SAÍDA” – ser verdadeiro discípulo missionário exige o vínculo efetivo e afetivo com a Comunidade dos que descobriram o fascínio pelo mesmo Senhor. Ele sabe que exerce sua missão na Igreja “em saída” (E.G. nº 20). Naquele “Ide de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova “SAÍDA MISSIONÁRIA” (E.G. nº 20). O papa Francisco afirma: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar as próprias seguranças. Por isso ela sabe ir à frente, tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. “Vive um desejo inesgotável de oferecer misericórdia” (E.G. nº 49). A saída exige “prudência e audácia”, “coragem” e “ousadia” (E.G. nº 33, 47).
 Nº 62 – A vida é dom de Deus: “O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus”. É missão dos discípulos o serviço à vida plena. Por isso, a Igreja no Brasil proclama com vigor que “as condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os discípulos missionários a maior compromisso a favor da cultura da vida. (DAp. Nº 358) Por meio da promoção da cultura da vida os discípulos missionários de Jesus Cristo testemunham verdadeiramente sua fé naquele que veio dar a vida em resgate de todos, comprometendo-se de modo especial com os pobres e excluídos, (nº 65, 402) em vista da construção de uma sociedade justa e fraterna.
“A missão se faz com os pés dos que vão, com os joelhos dos que ficam e rezam, com as mãos que contribuem e com a Igreja que envia”!

Frei Filomeno dos Santos O. Carm.