USP registrou quatro abalos sísmicos em Minas perto da barragem que ruiu

SÃO PAULO – Os técnicos do Centro de Sismologia da USP afirmam que ainda não é possível estabelecer uma relação direta entre causa e efeito. Mas a rede de observação da instituição registrou quatro abalos sísmicos na tarde de quinta-feira (5) em áreas próximas ao local onde uma barragem rompeu.
A tragédia ocorreu no interior de Minas Gerais, em um distrito da cidade de Mariana, que fica perto de Ouro Preto. O "tsunami de lama" que seguiu ao rompimento da estrutura deixou pelo menos um morto e centenas de desabrigados. Existem ainda pessoas desaparecidas.
Os quatro tremores tiveram magnitudes bem pequenas, entre 2.0 e 2.6, segundo os geólogos. Como a barragem rompeu por volta das 15h30, segundo testemunhas, dois dos abalos registrados ocorreram antes desse horário.
De acordo com os registros do observatório da USP, o primeiro dos tremores ocorreu às 14h12 no município de Catas Altas. Um minuto depois outro tremor, desta vez na região de Ouro Preto, também aparece nos registros.
Minutos depois do provável horário em que a barragem ruiu, mais dois abalos sísmicos ocorreram no interior de Minas Gerais, segundo medições feitas pelos equipamentos usados para monitorar as movimentações da crosta terrestre.
Mais um dentro do município de Ouro Preto, às 15h56. E um quarto, em Barão de Cocais (MG), três minutos mais tarde.
Novo relatório mais detalhado sobre os tremores no interior de Minas Gerais vai ser divulgado nesta tarde, segundo o Centro de Sismologia da USP.
MAR DE LAMA – Ao menos dois distritos de Mariana (116 km de Belo Horizonte) foram atingidos por um mar de lama, após o rompimento de duas barragens de uma mineradora, na tarde de quinta-feira (5).
O acidente ocorreu por volta das 15h30, em Bento Rodrigues, a 35 km do centro de Mariana. Inicialmente, a Samarco havia divulgado, em nota, que apenas a barragem de Fundão tinha rompido.
À noite, o diretor-presidente da empresa Ricardo Vescovi informou em um vídeo, publicado em página de rede social, que duas barragens romperam na unidade industrial de Germano, localizada entre as cidades de Mariana e Ouro Preto. Ele disse que a segunda barragem rompida é a de Santarém.
A força da enxurrada destruiu centenas de casas, arrastou veículos e caminhões. Um carro chegou a parar em cima do muro de uma casa.
A tragédia só não foi maior em Paracatu de Baixo porque a Guarda conseguiu avisar os moradores a tempo de deixarem as casas.
Muitas pessoas foram levadas ao abrigo improvisado para os desabrigados na Arena Mariana e outras buscaram abrigo em uma região de mata na parte mais alta de Paracatu de Baixo, de acordo com a Guarda Municipal.