Vampiros – Terror, Arte e Espiritualidade

Envolto em uma atmosfera misteriosa, sedutora e de certa forma, até rebelde; o vampiro atrai por vários motivos: a imortalidade, a juventude, a força, o poder e a beleza, são características que tornam o vampiro um dos seres mais atraentes dentre as celebridades míticas.
A atração é tanta que eles passaram de entidades das trevas a personagens de destaque na luta entre o bem e o mal.
O mal, representado pela busca instintiva por sangue e o bem, descrito na batalha para controlar o instinto devastador e encontrar formas menos cruéis para sobreviver.
Esta dualidade leva a crer que há uma tendência para humanizar estes seres que, mesmo personificando o mal, buscam uma salvação para a alma perdida.
O porquê desta mudança profunda é de fácil compreensão e se deu principalmente por questões comerciais na literatura e no cinema.
O vampiro antigo é cruel, sanguinário e diabólico. E isto, sinceramente, não causa pavor a mais ninguém. Assim, ou o vampiro se recriava ou perdia espaço para alienígenas, vírus mortais ou os eternos espíritos do mal que nunca saem de moda.
Vampiros bondosos à parte, a história traz personagens marcantes que serviram de base para a construção do que hoje conhecemos como os "bebedores de sangue".
Drácula surgiu em 1897 com a publicação do romance de Bram Stoker.
Stoker, entretanto, não foi o criador do Drácula histórico, mas sim o escritor que romanceou a história e criou o personagem.
O homem que está por trás do vampiro mais conhecido, nasceu em 1431 na Transilvânia, morreu em 1476 e se chamava Vlad.
Príncipe da Valáquia, uma província da Romênia; Vlad ficou famoso pela crueldade e a forma com que matava seus inimigos: a empalação. Justamente por isso, era chamado de Vlad Tepes ou Vlad o empalador. Após matar e empalar seus inimigos bebia o sangue fresco, acreditando que sorvia vigor, a exemplo do sangue dos gladiadores romanos. Ele era, portanto, um "bebedor de sangue".
O nome “Drácula” vem da história familiar. Tanto ele quanto o pai eram Vlad.
O pai participava de uma ordem chamada Ordem Dracul ou do Dragão. Os nomes Dracul, assim como Dracole, Draculya, Dracol, Draculea, Draculios, Tracol são derivações. Vlad, o pai, era conhecido como Vlad Dracul, ou Vlad da Ordem do Dragão. Dracul também quer dizer “mal” e é muito provável que, pelo histórico de crueldade dos Vlads, o Dragão do estandarte da ordem fosse visto como algo diabólico e Vlad pai, o próprio mal.
Drácula, na verdade nada mais é diminutivo de Dracul por ser "o filho". Algo como "Júnior".
Quando Bram Stoker escreveu seu romance, poucos associaram o vampiro do livro ao Drácula histórico que até hoje é cultuado na Romênia, cujo maior defensor foi o ditador e também torturador, Nicolae Ceausescu.
Esta é a origem de Drácula.
Há outros vampiros ou bebedores de sangue famosos:
– Peter Kürten (1883 – 1931), o famoso serial killer alemão que inspirou o filme “M., O Vampiro de Düsseldorf”;
– Elizabeth Bathory (1560 – 1614), também conhecida como "A condessa sangrenta" que matou mais de 650 pessoas nos 54 anos em que viveu;
– E por fim, Arnould Paul, o caso mais documentado que se conhece, relacionado aos ataques ocorridos na Europa no final do século XVII até meados do século XVIII.
Há inúmeras explicações para os vampiros acima. Desde deficiências químicas e nutricionais, a psicopatia e desequilíbrios mentais.
Portanto, até o presente momento, Drácula, aquele de capa vermelha, dentes afiados e que morde pescoços continua sendo apenas ficção.
Nos últimos cinquenta anos, vários filmes foram feitos sobre o tema. A maioria marcada pela alusão ao mal.
No entanto, em 1967, Roman Polanski dá uma guinada neste universo de terror e lança “A Dança dos Vampiros”. Uma delícia de filme, um misto de inusitado e comédia.
Uma nova faceta vampiresca se firmou com o sucesso de “Entrevista com Vampiro”, de autoria de Anne Rice e tendo no elenco Tom Cruise e Brad Pitt, onde a primeira crise existencial de um vampiro ocorre no cinema.
Por fim, temos a transformação total com a saga "Crepúsculo". Onde o belo, educado, cavalheiro, gentil, apaixonado e tão perfeito que chega a enjoar, vampiro Edward Cullen, além de ser vegetariano (não bebe sangue humano), tem características mais parecidas com um anjo do que com um ser das trevas.
Para muitos, esta mudança foi uma involução.
Teorias à parte, talvez o vampirismo físico, ao estilo Drácula, não seja o mais tenebroso e nem o que causa mais medo.
Há que se ter receio mesmo é dos tais vampiros “psíquicos” que convivem conosco diariamente.
Os vampiros energéticos são fáceis de perceber e não há nada de sobrenatural neles. São as pessoas amarguradas, pessimistas, críticas e maldosas. São as que cultuam a inveja e a difamação. As infelizes, as que resmungam pelos cantos, idolatram a matéria, minam as iniciativas e falam mal de tudo e de todos.
Estes sim são vampiros violentos. Não sugam o sangue, é fato. Mas a exemplo dos dementadores de “Harry Potter”, tão bem descritos pela autora R. K. Rowling, sugam a felicidade.
O problema é que estes não têm glamour algum, muito pelo contrário, são espiritualmente feios e macilentos e aí é que reside o perigo. Por serem assim, até despertam a compaixão, mas o que eles querem mesmo é ver a tristeza, a descrença, a aniquilação.
No fundo, são bem parecidos com os Dráculas que conhecemos. A única diferença talvez resida unicamente no fato de que estão vivos e circulam livremente. Às vezes com um sorriso, às vezes com dentes afiados prontos e dispostos a matar qualquer alegria.
Destes sim, é bom fugir. Sempre. Ou, se houver possibilidade, mostrar a luz.
Quanto aos outros, aqueles dos filmes, nada que uma boa dose de alho e água benta ao bom e velho estilo dos irretocáveis filmes em preto e branco não resolva.
 
Colaboração de Edeni Mendes da Rocha