Venezuela, sem gasolina e eletricidade

Dirceu Cardoso Gonçalves*
A Venezuela, outrora um país estável, grande produtor de petróleo e hoje tida como detentora das maiores reservas de óleo do mundo, está sofrendo a falta de gasolina e nesta quinta-feira também amargou o apagão elétrico. 
O governo do presidente Nicolás Maduro – que diante das acusações de fraude às eleições não tem o reconhecimento de organismos internacionais e de 50 países, entre eles o Brasil – atribui a crise aos Estados Unidos, que congelaram ativos da petrolífera venezuelana e teriam sabotado a maior hidrelétrica local. 
A oposição, que chama manifestações para este sábado, acusa o governo pela crise. E a população sofre, sem emprego, renda, medicamentos, alimentos, outros itens básicos de subsistência e, agora, também a falta de insumos energéticos.
O quadro geral, reforçado pela fuga de mais de 3 milhões de cidadãos, muitos deles vindos para o Brasil, mostra a falência do socialismo chavista, que Maduro encarna e usa mão de ferro para manter. Independente de ideologia, todos, seus vizinhos, torcemos para que a Venezuela reencontre o seu caminho para poder repatriar seus cidadãos refugiados, explorar suas potencialidades e desenvolver a economia em favor do povo. 
Que as forças nacionais sejam capazes de levar a uma situação de estabilidade sem a necessidade de luta e mortes entre irmãos. Melhor se conseguir um consenso interno, sem a necessidade de forças estrangeiras cumprirem as ameaças de intervenção, hoje colocadas explicitamente.
A Venezuela é o último grande país sulamericano a manter o viés esquerdizante que levou ao sonho da inviável URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina). Brasil, Argentina, Paraguai e Equador também sofreram com esse mesmo tsunami ideológico, que ainda tenta sobreviver, mas já mudaram radicalmente a orientação, enquanto Bolívia e Uruguai não mudaram explicitamente mas hoje têm maior neutralidade que antes. 
É preciso resolver a Venezuela para que todo o continente esteja em paz e possa agir de forma integrada e com novas perspectivas. E essa solução, pelo tamanho dos estragos que arrasaram a economia dos países, tem de contar com o apoio internacional. De preferência, dentro do princípio da não intervenção e da autodeterminação dos povos.
Criando condições para a Venezuela encontrar o caminho pacífico – mesmo que espinhoso – que têm trilhado os demais países do continente, que hoje seguem uma nova ordem e trabalham para se refazer das utopias esquerdistas que os levaram à crise. É um processo difícil, que exige paciência e perseverança, mas vale a pena…
*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo