Vida em Nazaré…

Viver em Nazaré é viver no campo. Jesus cresceu no da natureza, com os olhos muito abertos para o mundo que o rodeia. Basta ouvi-Lo falar.
A abundância de imagens e observações tomadas da natureza nos mostra um homem que sabe perceber a criação e desfrutá-la:
Mt 5,45; 6,26; 6,25-30; 6,28; 9,16; 10,10; 13,33; 24,32;
Lc 11,5-8.9-13; 12,55; 16,21;
Jo 3,8
Jesus não só vive aberto à natureza, mais tarde convidará as pessoas a ir além do que se vê nela. Seu olhar é UM OLHAR DE FÉ. ADMIRA as flores do campo e os pássaros do céu, mas INTUI por trás deles O CUIDADO AMOROSO DE DEUS POR SUAS CRIATURAS. ALEGRA-SE pelo sol e pela chuva, mas muito mais PELA BONDADE DE DEUS PARA COM TODOS OS SEUS FILHOS, sejam bons ou maus. SABE QUE O VENTO “Sopra onde quer” sem que se possa precisar “donde vem para onde vai”, MAS ELE PERCEBE ATRAVÉS DO VENTO UMA REALIDADE MAIS PROFUNDA E MISTERIOSA: O ESPÍRITO SANTO DE DEUS. JESUS NÃO SABE FALAR, SENÃO A PARTIR DA VIDA.
Para sintonizar com Ele e captar sua experiência de Deus é necessário AMAR A VIDA E MERGULHAR NELA, ABRIR-SE AO MUNDO E ESCUTAR A CRIAÇÃO.
Jesus abandona também a atitude e a estratégia de João. A vida austera do deserto é substituída por UM ESTILO DE VIDA FESTIVO. Deixa de lado a maneira de vestir do Batista. Também não tem SENTIDO CONTINUAR JEJUANDO.
CHEGOU O MOMENTO DE CELEBRAR REFEIÇÕES ABERTAS A TODOS PARA ACOLHER E CELEBRAR A VIDA NOVA QUE DEUS QUER INSTAURAR EM SEU POVO.
JESUS TRANSFORMA o banquete compartilhado por todos no símbolo mais expressivo de um povo que acolhe a plenitude de vida querida por Deus.
João foi chamado “Batizador” porque sua atividade girava em torno do batismo no Jordão. Jesus foi chamado de “Comilão” e “AMIGO DOS PECADORES”, porque costumava celebrar a acolhida DE DEUS COMENDO COM INDESEJÁVEIS.
O próprio batismo já não tem sentido como rito de uma nova entrada na terra prometida. Jesus o substitui por OUTROS SINAIS DE PERDÃO E CURA QUE EXPRESSAM E TORNAM REALIDADE A LIBERTAÇÃO QUERIDA POR DEUS PARA SEU POVO.
Para receber o perdão não é necessário subir ao Templo de Jerusalém para oferecer sacrifícios de expiação; também não é necessário mergulhar nas águas do Jordão.
JESUS OFERECE GRÁTIS AOS QUE ACOLHEM O REINO DE DEUS. PARA PROCLAMAR SUA MISERICÓRDIA de maneira mais sensível e concreta ele se dedicará a algo que João nunca fez: Curar os enfermos que ninguém curava, aliviar a dor de pessoas abandonadas, tocar leprosos que ninguém tocava; abençoar e abraçar crianças.
Todos sentirão a proximidade salvadora de Deus, inclusive os mais esquecidos e desprezados: os arrecadadores de impostos, as prostitutas, os endemoniados, os samaritanos.
Jesus abandona também a linguagem dura do deserto. O povo deve ouvir agora uma BOA NOTÍCIA. Sua palavra se torna poesia. CONVIDA AS PESSOAS A OLHAREM A VIDA DE MANEIRA NOVA, COMEÇA A CONTAR PARÁBOLAS QUE O BATISTA JAMAIS TERIA IMAGINADO. O POVO FICA SEDUZIDO. Tudo começa a falar-lhe da proximidade de Deus: a semente que semeiam e o pão que assam, os pássaros do céu e as colheitas do campo, as bodas em família e as refeições em torno de Jesus. Com Jesus tudo começa a ser diferente. O temor do juízo dá LUGAR À ALEGRIA DE ACOLHER A DEUS, AMIGO DA VIDA. Ninguém mais fala de sua “ira” iminente. Jesus convida à CONFIANÇA TOTAL NUM DEUS PAI. Não só muda a experiência religiosa do povo. A própria figura de Jesus se transforma. Ninguém o vê agora como um discípulo ou colaborador do Batista, mas como O Profeta que PROCLAMA A CHEGADA DO REINO DE DEUS. Será que Ele é aquele personagem que João chamava de “o mais forte”?

Frei Filomeno dos Santos O.Carm.