Viotto: “É lamentável que a Prefeitura tenha autorizado a realização da Feira”
Queda de 18% nas vendas no mês de março no comércio de Paranavaí (interrompendo o período de crescimento que vinha se verificando desde o começo do ano) e uma população mais endividada com o crescimento de 53% de inclusões no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) em relação a março de 2016.
Estas são as principais consequências da autorização para que se realizasse em Paranavaí a Feira do Brás, entre 10 e 19 do mês passado. Estes reflexos foram atestados através de levantamento da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap).
Embora o país esteja vivendo uma recessão econômica, Paranavaí registrou crescimento de vendas nos primeiros meses do ano: 18% em janeiro e, em fevereiro, 21%. A comparação é com os mesmos meses do ano passado.
“Mas este período de crescimento foi interrompido por conta deste absurdo que foi a autorização para a realização desta Feira, que foi o maior derramamento de produtos contrabandeados e falsificados na história de Paranavaí”, diz o presidente da Associação, João Roberto Viotto.
Em março a queda foi de 18% em relação ao ano passado. E o pior período foi entre os dias 10 e 19, quando foi realizada em Paranavaí a Feira do Brás. Neste período a queda chegou a 24%.
“No mês passado a inclusão do SCPC em março teve um crescimento de 53% em relação a março de 2016. Em valores nominais, ano passado, as dívidas incluídas no SCPC somaram R$ 320 mil. Este ano foi R$ 490 mil. E obviamente que também cresceu o registro de pessoas no órgão de proteção ao crédito. As pessoas se endividaram, perderam o crédito daquela loja que confiou no consumidor e vendeu a prazo a ele”, comenta o gerente da Aciap, Carlos Henrique Scarabelli.
Para o presidente João Roberto, “é lamentável que a prefeitura tenha autorizado a realização desta feira sem uma consulta prévia a Aciap”. Ele cita que “o consumidor foi ludibriado, pois muitas peças eram falsificadas”, disse, dando o seguinte exemplo: um tênis cuja marca no mercado local custa, por exemplo, R$ 200, na Feira era encontrado a R$ 100, mas ele era falsificado e não valia nem R$ 50.
Na avaliação do líder empresarial, perde também o poder público, responsável por serviços como saúde, educação, assistência social, habitação, etc.
“A Receita Federal constatou que uma grande quantidade dos produtos era contrabandeada, entrou no país de forma ilegal, não houve pagamento de impostos. E isto é o segundo prejuízo para a população”, alerta João Roberto.
Mas, o pior, na avaliação do presidente da Aciap é o risco de desemprego. “É claro que vendendo menos, as lojas têm que se adaptar à nova realidade. E aí o corte de funcionários pode ser uma alternativa para enfrentar esta queda de vendas, com reflexo direto e imediato à população”, diz.
João Roberto fala que já circulava, desde o ano passado, um ofício circular da Receita Federal, alertando que a Feira do Brás “funciona como abrigo para diversas práticas ilícitas no âmbito tributário, aduaneiro, do consumidor e criminal”.
O documento fala em entrada no país de mercadorias de “maneira irregular” com a prática de crimes de “contrabando e descaminho” e “abrigo para a venda de mercadorias contrafeitas (falsificada, pirata), especialmente de artigos de vestuário”