“Vô Francisco”

José Francisco, português de nascimento e brasileiro por opção, teve uma vida dura. Nascido em Portugal, foi desde menino talhado no trabalho e na dificuldade. Serviu na Marinha Portuguesa durante a ditadura de Salazar, tendo conhecido boa parte do mundo pelas viagens como militar a serviço do seu país.
Foi taxista em Lisboa e casou-se com Irundina. Juntos enfrentaram as peripécias causadas pela 2ª grande guerra mundial, período de escassez de alimentos e outros produtos devido ao confronto.
Veio para o Brasil, deixando sua esposa e filha pequena, pois não sabia o que iria encontrar aqui, só chamando a família quando teve uma condição mínima de subsistência.
Neste período trabalhou, como muitos imigrantes da época, em empresa de família portuguesa que emitia a "carta de emigração" garantindo trabalho para quem quisesse experimentar a sorte no Brasil. Foi trabalhando duro, descarregando sacas de açúcar, farinha e outros volumes, cujo peso superava os 60 quilos, comum à época.
Foi construindo um patrimônio que permitiu empreender seu próprio negócio e abrir pequeno armazém de secos e molhados que por muitos anos foi fonte de sustento e trabalho para ele e sua família.
Depois conseguiu comprar uma propriedade rural que se tornou sua paixão, sua dedicação a ela sempre foi uma constante.
Madrugada ainda ele e sua esposa preparavam uma marmita de comida e lá ia ele, com mais de 70 anos trabalhar duro, preparando ração e alimentando o gado em confinamento.
Sempre liderou seus funcionários pelo exemplo, fazendo com eles os serviços braçais necessários a lida. Nunca reclamou de cansaço, fazendo com alegria seu trabalho para a engorda dos animais.
Era comum ouvi-lo dizer: "O Brasil é um país maravilhoso, os brasileiros não sabem quanto esta terra é boa. Se conhecessem as dificuldades que vivíamos em Portugal, saberiam dar o devido valor a ela". Frase que sempre ouço, dita por outros portugueses que conheço.
José era avô de Cristina e vejo qualidades suas como vocação para o trabalho, entusiasmo, honestidade e ética no trato com as pessoas presentes em nossos filhos, para minha alegria.
Assim como o "velho Zé" como era carinhosamente tratado, milhões de trabalhadores anônimos fazem suas obrigações profissionais, permitindo ao país avançar e mantendo suas famílias.
Com remuneração pequena ou não, fazem das suas atividades profissionais, mais do que uma forma de prover sustento a si e a sua família, uma contribuição fundamental à sociedade e a nossas comunidades.
São verdadeiros operários que desempenham sua missão contribuindo para o progresso e desenvolvimento humano, nas diversas áreas do trabalho e do conhecimento.
Meu reconhecimento aos trabalhadores de Paranavaí e do Brasil!

Rogério J. Lorenzetti, prefeito reeleito de Paranavaí